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La microprécision appliquée à l'horlogerie de luxe - VALOR Magazine

No dia 6 de julho, o CEO do CIMD, Carlos Morgadinho, foi entrevistado pela revista VALOR. É com prazer que compartilhamos toda esta entrevista com você.

A CIMD conta com 33 anos de atividade. A partir do Fundão, fabrica componentes que integrarão os relógios suíços da mais alta gama.

Apostada em ser uma empresa integrada na sua comunidade, responsável e com impacto social no seu território, de acordo com o administrador, Carlos Morgadinho, a CIMD integra o grupo IMI e é a segunda maior empresa fabricante de componentes de alta precisão para a relojoaria de luxo.

O que vos fez especializar nesta área tão específica de negócio?

Na verdade, a criação da empresa resultou de um contexto de crise do mercado relojoeiro nos anos 1980-1990. De forma a competir com o mercado asiático em ascensão, a empresa francesa Cheval Frères, SAS desafiou um ex-colaborador (António Duarte), a implementar uma unidade de produção no nosso país. Desta forma, a CIMD nasce em 1990, com uma equipa de seis pessoas. Hoje, contamos com 135 colaboradores que fabricam e
comercializam componentes para líderes mundiais da indústria relojoeira, especialmente no mercado suíço. Focados no luxo e no lema de que “a precisão é uma arte”, juntamente com as outras empresas do grupo a que pertencemos – o Groupe IMI (Industries de Microprécision Internationales), conseguimos construir uma marca forte e multidisciplinar.

Que desafios vivencia uma empresa como a CIMD, considerando as dificuldades em encontrar mão de obra qualificada e a sua localização, no interior do país? É possível reter capital humano qualificado?

Conhecemos bem a nossa região e a realidade que é comum ao interior do país, marcada pela baixa densidade, envelhecimento, desertificação e êxodo rural. As ofertas de formação profissional estão mais direcionadas para o combate ao abandono e insucesso escolar do que em formar para as necessidades efetivas dos territórios que
se debatem com a necessidade de mão de obra qualificada. Entendo que os empresários deviam ser mais ouvidos para que se ajustassem os mecanismos formativos às necessidades de quem está absolutamente disponível para empregar e dar estabilidade à mão de obra qualificada, para enfrentar os desafios do futuro.
Caso contrário, os empresários continuarão a debater-se com a procura de recursos humanos, incluindo no estrangeiro, suportando a seu cargo a formação específica a nível laboral, linguística e até promovendo o seu enquadramento social.

Quão importante é a ligação à comunidade, particularmente às escolas do concelho, de forma a divulgar a atividade, as oportunidades de trabalho e os benefícios para os trabalhadores?

Desejamos criar maior proximidade entre o nosso público-alvo do futuro e o trabalho desenvolvido na empresa no sentido de gerar maior atratividade e capacidade de oferta de percursos profissionais qualificados que interessem aos jovens. Recebemos visitas de estudo devidamente preparadas com as escolas e possuímos material para sensibilizar os alunos para as carreiras e para o futuro profissional que aqui podemos proporcionar. Estamos a trabalhar com as escolas em programas de reconhecimento do mérito dos alunos, nomeadamente em áreas com afinidade a tudo o que aqui fazemos.

Embora 85% da vossa atividade seja dedicada à exportação dos componentes que produzem, para a alta relojoaria, 15% do vosso negócio está direcionado para o fabrico de peças destinadas a áreas tão variadas como a Medicina, a Aviação, a Eletricidade e as Telecomunicações. Existe a possibilidade de apostar mais fortemente nestas áreas, num futuro próximo, equilibrando ou aumentando a percentagem de produção deste tipo de componentes?

A aposta nestas áreas começa em 2009, na expansão do nosso leque de produtos. Criámos uma unidade dedicada à maquinação de cerâmica sintética, esta mais tecnológica, contrariamente às componentes de microprecisão, onde as máquinas apenas rentabilizam o processo. Em 2016, lançámos a unidade de maquinação de precisão, com enfoque nas máquinas CNC de metais. Aqui, há uma maior necessidade de continuar a apostar no desenvolvimento e formação tecnológica, algo para o qual o Centro de Formação Avançada do Fundão, o IEFP e a CIMD podem contribuir, ao incluir cursos da área das CNC.

Embora o mundo tenha vivenciado algumas crises económicas, o mercado dos produtos de luxo passou à margem destas questões? Que análise faz ao crescimento da empresa nos últimos anos?

O próprio mercado relojoeiro teve os seus períodos de crise. Desde a crise de 1980-1990, passando pela ameaça resultante dos primeiros relógios digitais. Também em 2016, com o aparecimento dos smartwatches, decidimos
alterar o nosso modelo económico para o futuro, do qual vimos resultados desde 2019. Não obstante os constrangimentos que decorreram da situação de pandemia, continuámos com o crescimento da atividade. Apostámos na instalação de 794 painéis fotovoltaicos sendo que, ainda em 2023, iremos completar a superfície
restante das nossas instalações. Sempre conseguimos contornar esses obstáculos ao sermos empreendedores e com grande capacidade de reação às adversidades. Nos últimos dois anos, já duplicámos o nosso efetivo e
contamos, no curto prazo, atingir os 200 colaboradores.

2015 foi um ano crucial para a CIMD S.A., pois mudou de instalações, em resultado do crescimento da sua atividade. Que balanço é possível fazer desta nova fase da CIMD?

Em 2015, alcançámos recordes de produção e faturação. Esta realidade de crescimento obrigou à aquisição de um espaço físico, passando de dois mil metros quadrados para 11 mil metros quadrados. Perante uma evolução bastante positiva dos resultados, continuaremos a apostar na consolidação e diversificação da atividade
desenvolvida. Ainda este mês nos apresentámos como Marca na maior feira internacional de alta precisão – a “Le Monde de La Haute Précision”, em Genebra. Uma nova porta se abre, juntamente com todos os desafios e obstáculos que daí advêm.

Sendo uma empresa muito virada para a comunidade, qual o contributo que a CIMD S.A. dá ao concelho onde está instalada e às instituições com quem trabalha mais de perto?

De uma forma direta garantimos, num território de baixa densidade, um nível de empregabilidade, de âmbito local e regional, bastante significativo, facto que, em si, representa um contributo para a dinâmica económica e social. Por outro lado, a política de aquisição de bens e serviços privilegia os fornecedores a nível local e regional de forma a poder contribuir para o reforço do tecido económico e social da nossa região.